29 setembro 2007

Um NetCyborg na Psicologia

[22:20:09] {Afrodite} Eu li a entrevista anterior. Nossa! Você pega pesado.
[22:20:10] {NetCyborg} Muito pesado, não dou “arrego”...
[22:20:12] {Afrodite} Pois é, mas eu também posso pegar e aí!!!
[22:20:19] {NetCyborg} Desde que estejamos dentro de uma metodologia científica e não descambarmos para “achismos” pode marretar até a exaustão. Sou forte.
[22:21:01] {Afrodite} Mas normalmente sou tranqüila.
[22:21:13] {NetCyborg} É essa a intenção. Esta é a peculiaridade do formato destas entrevistas.
[22:21:20] {Afrodite} Sim, eu vi, quase aconteceu na entrevista anterior.
[22:21:21 {NetCyborg} O que ?
[22:21:25] {Afrodite} Exaustão.
[22:21:35] {NetCyborg} Tem razão.
[22:22:54] {Afrodite} Você iria longe.
[22:23:09] {NetCyborg} Sim, iria. Mas é que ela é muito minha amiga. Nos conhecemos na adolecência. Sabíamos até onde poderíamos ir.
[22:23:19] {Afrodite} Pois é, o contato consigo mesmo faz coisas desse tipo.
[22:23:20] {NetCyborg} Como assim?
[22:23:31] {Afrodite} Você está entrando no mar das profundezas e colocando sua libido para fora nessas entrevistas.
[22:23:40] {NetCyborg} Você conhece André Lemos?
[22:23:45] {Afrodite} Não
[22:23:56] {NetCyborg} É um Sociólogo que estuda Cibercultura....
[22:24:10] {Afrodite} Pois é. Preciso saber mais sobre Cibercultura.
[22:24:19] {NetCyborg} Ele afirma que as redes de computadores potencializam o desejo do ser humano de estar próximo. De manter contato, de unir-se.
[22:24:25] {Afrodite} Ao seus significantes?
[22:24:30] {NetCyborg} E é obvio que a libido também aflora neste espaço hedonista.
[22:24:35] {Afrodite} Em todos os espaços, e com todos objetos.
[22:24:40] {NetCyborg} Sim mas em espaços potencializados pela técnica ela também se mostra mais, digamos, potente...
[22:24:45] {NetCyborg} Já que estou falando com uma Psicóloga com Mestrado em andamento em Psicologia Organizacional, me fala mais da libido. O que é exatamente a libido? E porque acredita que eu esteja usando ela?
[22:24:49] {Afrodite} Desejos, energia psíquica direcionada.
[22:24:55] {NetCyborg} Vou usar o artifício de uma amiga.
[22:24:56] {NetCyborg} E?
[22:24:57] {Afrodite} Bom! Libido, através da Psicanálise é onde os seus desejos sexuais são direcionados para outros “objetos” durante as fases de desenvolvimento.
[22:24:59] {NetCyborg} E energia psíquica direcionada é bom ou ruim?
[22:24:60] {Afrodite} É bom e necessária.
[22:25:09] {NetCyborg} Mas existem outras escolas além da Psicanálise não é verdade? O que fala Yung sobre a libido? Ou melhor, Yung continuou usando os termos do seu mestre Freud?
[22:25:19] {Afrodite} Sim, também é psicanalista mas com pensamentos aprimorados, a meu ver.
[22:25:30] {NetCyborg} Como assim aprimorado? Ele foi melhor que Freud?
[22:25:32] {Afrodite} Depende da visão de cada um. Mas ele foi além de Freud, estudou os símbolos, arquétipos, tipos psicológicos, introvertido, extrovertido. Trabalhou o conceito de Inconsciente Coletivo.
[22:25:40] {Afrodite} Espera ai. Já volto.
[22:28:05] {NetCyborg} Não fuja.Estamos apenas começando....
[22:28:19] {Afrodite} Oi, voltei.
[22:28:29] {NetCyborg} Mas me diz uma coisa? Afrodite também tem a ver com Libido não tem?
[22:28:34] {Afrodite} Sim, deusa do amor.
[22:28:38] {NetCyborg} Sei. Afrodite era monogâmica?
[22:28:43] {Afrodite} Você tem que me pegar em um momento mais criativo pra falar sobre isso.
[22:28:44] {NetCyborg} Nem pensar. Esta se esquivando.
[22:28:46] {Afrodite} Claro.
[22:28:47] {NetCyborg} Mulher tem libido também?
[22:28:49] {Afrodite} Sim, sem distinção.
[22:28:51] {NetCyborg} Qual a relação dela com Eros?
[22:28:52] {Afrodite} Mãe dele.
[22:28:53] {Afrodite} Respondendo tua pergunta anterior. A libido provem do instinto sexual.
[22:28:54] {NetCyborg} Assim como os humores de Afrodite e de Eros?
[22:28:55] {Afrodite} Para Freud a libido determina a vida.
[22:28:56] {NetCyborg} Sei. Então os humores dos dois estavam condicionados a libido.
[22:28:57] {Afrodite} Sim, ela não podia....
[22:29:09] {NetCyborg} O que ela não podia?
[22:29:10] {Afrodite} Distribuir sua energia psíquica para outros objetos.
[22:30:11] {NetCyborg} Então guardava toda para si?
[22:30:15] {Afrodite} Não tem como guardar para si, a não ser quando há fixação. E isso gera Patologias.
[22:30:18]{NetCyborg} Isso é consenso? A fixação da energia psíquica gera patologia. É comprovado cientificamente ou são especulações?
[22:30:19] {Afrodite} Claro! Quem não consegue direcionar seus instintos sexuais acaba se fixando nas fases oral, anal, fálica, genital.
[22:30:25] {Afrodite} A psicanálise é uma teoria.
[22:30:28] {NetCyborg} Fase oral quer dizer que a pessoa sente prazer ao colocar objetos na boca?
[22:31:09] {Afrodite} Sim. Ela, a psicanálise explica isso dentro de uma abordagem epistemológica.
[22:31:10] {Afrodite} A patologia da fase oral por exemplo, pode explicar a obesidade, o fumo e outros situações.
[22:31:18] {NetCyborg} A fase anal, a fálica e a genital também seguem a mesma lógica?
[22:32:30] {NetCyborg} Poderíamos explicar uma relação homossexual masculina como uma disfunçao da fase anal?
[22:32:10] {Afrodite} Boa Pergunta.
[22:32:18] {Afrodite} Estudos explicam de várias maneiras. Mas não só a masculina, mas a feminina também poderia sim.
[22:32:20] {NetCyborg} Deve ser porque não existem estas fases em outras abordagens “né”....
[22:32:25] {Afrodite} É verdade. Já ouviu falar no psicanalista Pichòn-Rivière.
[22:32:29] {Afrodite} E por esta abordagem Você se encontra em estado paranoide (persecutória).
[22:32:39] {NetCyborg} Hum, e dai? Isso é bom ou ruim?
[22:33:40] {Afrodite} Desde que você consiga vencer as ansiedades e realizar suas tarefas, levando seus projetos até o final não caracteriza patologia, isto é resistência a mudança.
[22:33:44] {NetCyborg} Saquei. O negócio é controlar as tensões desde que seja produtivo?
[22:33:45] {Afrodite} Não é questão de controlar. É saber que elas existem, e tentar superá-las durante o processo.
[22:33:48] {Afrodite} É como aprender algo novo.
[22:33:50] {NetCyborg} Como assim? Explique melhor.
[22:34:08] {Afrodite} Você faz tudo para não entrar, mas depois que entra supera os seus estereotipos e mobiliza os papéis fixos que você utilizava como defesa.
[22:34:09] {Afrodite} Defesa de vida ou formas de superar o vazio.
[22:34:10] {NetCyborg} Vazio? Que vazio? Estamos lotados de emoções, sentimentos, traumas...
[22:35:18] {Afrodite} Sim.
[22:35:19] {NetCyborg} Vazio Existencial. Isso não é papo de quem esta com a barriga cheia?
[22:35:20] {Afrodite} De jeito nenhum.
[22:35:24] {NetCyborg} Quem tem fome sente esse vazio na alma?
[22:35:28] {Afrodite} Eles são na maioria das vezes inconscientes.
[22:35:30] {NetCyborg} Mas me diz o que grita mais alto? O vazio da alma ou o vazio da barriga?
[22:35:34] {Afrodite} Eles podem ser comparados sim, mas as vezes o indivíduo nem está com fome e come mesmo assim. Para enfrentar o vazio!
[22:36:05] {NetCyborg} Sim, entendo o que diz. Mas estava me referindo a quem não tem a escolha de comer ou não. Os desprovidos.
[22:36:09] {NetCyborg} Minha pergunta é: Uma pessoa nesta situação, que se encontra em estado avançado de fome, pode amar?
[22:36:18] {Afrodite} Sim, ela ama a si mesma. Ao percebe que a sua necessidade não está satisfeita ela “luta” pela sobrevivência. Em última instancia o instinto de sobrevivência é uma forma de amar a sim mesmo, e pode ser encarado como amor. O amor mais profundo que se pode sentir, amor que se realiza na manutenção da própria vida.
[22:36:19] {NetCyborg} Interessante isso.
[22:36:20] {Afrodite} Então ela ama!
[22:37:21] {NetCyborg} Ela ama seu corpo? E depois que seu corpo atinge a mínima condição ela poderá amar uma outra pessoa!
[22:37:24] {Afrodite} Sim, ela já amava antes.. Nasceu sujeito ao olhar do primeiro objeto de amor.
[22:37:28] {NetCyborg} Nossa! Agora me confundi. Qual é o primeiro objeto de amor?
[22:37:30] {Afrodite} É como um espelho, ela é aquilo que o outro vê. Esse é o primeiro objeto de amor.
[22:37:34] {NetCyborg} Então nosso primeiro sentimento é narcisista? E posteriormente nos tornamos altruistas?
[22:37:38] {Afrodite} Essa idéia de narciso é diferente, ele olha a si mesmo e se ama. Esse amor ama a imagem que fazem dele.
[22:37:40] {NetCyborg} Então são dois tipos de sentimentos diferentes que estamos falando. Mas na verdade eu queria chegar a um ponto mais profundo do que estes dois conceitos...
[22:38:02] {Afrodite} Sim.
[22:38:09] {NetCyborg} O conceito de amor. De onde ele vem?
[22:38:19] {Afrodite} É subjetivo, único, impossível de ser revelado na sua plenitude para a psicanálise das relações objetais.
[22:38:20] {NetCyborg} Minha intuição me diz que um corpo tem que estar em perfeitas condições para poder amar. O amor nasce com a pessoa, mas só pode amar quem está com seu corpo em condições para isso. Vou resgatar uma questão que formulei pra a entrevistada anterior. Tem um espaço vaizio ai que a ciência não explica?
[22:38:32] {Afrodite} Gosto de utilizar para falar sobre amor, Winnicott. Ele fala sobre o conceito da capacidade de estar só.
[22:38:34] {NetCyborg} Isso parece ser bom...
[22:38:37] {Afrodite} Capacidade de estar só é conseguir estar feliz sem a presença real do outro, isso só acontece quando na infância temos uma "mãe suficientemente boa ".
[22:38:42] {Afrodite} É quando na infância conseguimos perceber as nossas necessidades satisfeitas pela mãe. No futuro será mais fácil transferir esse “proceder comportamental adquirido” para as outras formas de amar.
[22:38:45] {NetCyborg} E o pai onde fica nesse jogo?
[22:38:47] {Afrodite} Rsrsrsrsr. Você está preocupado.
[22:39:10] {NetCyborg} Sim estou. Qual é o papel dele na questão do amor?
[22:39:20] {Afrodite} O pai também é importante nesta estruturação.
[22:39:29] {Afrodite} Se não tiver a mãe, o pai pode dar conta disso . Ele ou outros que supram a necessidade (da criança) de bondade. Daí vem a capacidade de estar só, saber que você esta bem consigo mesmo, com seus sonhos, suas fantasias, sem a necessidade de ter um outro ao seu lado, a não ser que seja para somar.
[22:39:40] {NetCyborg} Saquei! Você aprende a preencher o vazio da existência sem a nescessidade do outro.Porque entrou em contato com a bondade, espaço suficientemente bom da mãe.
[22:39:50] {Afrodite} É uma experiência maravilhosa.
[22:39:51] {NetCyborg} É bom esse tal de Winnicott.
[22:39:55] {Afrodite} Sim amo ele.
[22:39:56] {NetCyborg} Que livro ele escreveu?
[22:40:40] {Afrodite} Bom! Vários.
[22:41:09] {NetCyborg} Por onde eu começaria?
[22:44:19] {Afrodite} Um bom começo é a introdução a obra dele. Chama-se “Limite e espaço”.
[22:45:21] {NetCyborg} Limite e espaço, parece bom.
[22:45:26] {Afrodite} De Madeleine Davis e David Wallbridge.
[22:46:09] {NetCyborg} São comentários sobre ele é isso?
[22:47:25] {Afrodite} Sim.
[22:48:52] {Afrodite} Ele parte da crença que a vida vale a pena ser vivida.
[22:50:00] {NetCyborg} Estou entendendo...
[22:51:09] {Afrodite} Fala sobre a teoria do desenvolvimento emocional e a parte mais legal é “ Adaptação à Realidade Compartilhada”.
[22:54:09] {NetCyborg} Nossa! Isso é muito interessante.
[22:54:39] {NetCyborg} Que vem a ser Realidade Compartilhada?
[22:55:19] {Afrodite} Fala sobre o brincar o lúdico para a criança e futuramente a criatividade quando adulto. O espaço potencia, holdingl.
[22:55:40] {NetCyborg}Tipo a Noosfera?
[22:60:14] {Afrodite} Isso.
[23:01:09] {NetCyborg} Ou a Aldeia Global do Mcluhan.
[23:01:22] {Afrodite} Pode ter esse entendimento, a Noosfera é seu espaço potencial. Onde o brincar desenrola?
[23:03:03] {NetCyborg} Sim. Onde o conhecimento circula...
[23:03:09] {Afrodite} Sim, concomitantemente à criatividade.
[23:03:12] {NetCyborg} Uma camada por sobre a crosta terrestre formada pela cultura humana...
[23:03:15] {Afrodite} Que envolve o indivíduo em suas ações espontâneas?
[23:03:18] {NetCyborg} Sim.
[23:04:01] {Afrodite} Rsss. Você iria gostar. Mas é mais específico aos relatos da fase infantil e ações futuras. Dependendo de como for o seu espaço potencial na infância ele refletirá lá na frente.
[23:05:21] {NetCyborg} Entendi!
[23:05:24] {Afrodite} Mas respondendo sua pergunta. Realidade Compartilhada é a capacidade que os indivíduos adquire em trocar sentimentos, emoções, experiências. É o estar aberto ao novo, ao que o outro pode nos dar. É o espaço das trocas, onde eu entrego e recebo algo.
[23:05:36] {NetCyborg} É a realização da condição Humana?
[23:06:10] {Afrodite} Sim. Somos seres sociais, nos caracterizamos como indivíduos justamente nesse jogo de forças gerado pelo contato com o outro, ou como diz Winnicott: Realidade Compartilhada.
[23:06:13] {NetCyborg} Afrodite! Infelizmente estamos cerceados pelos espaços onde nos manifestamos. Está comprovado que na Internet textos muito longos acabam por desestimular o leitor, portanto temos que encaminhar esta entrevista para seu final.
[23:06:16] {Afrodite} Sim. Eu entendo.
[23:07:15] {NetCyborg} Poderíamos continuar por horas a fio mas...
[23:07:24] {Afrodite} Sim. Eu estou adorando.
[23:07:45] {NetCyborg} Mas tenha a certeza que ficou um gostinho de quero mais. Por enquanto eu agradeço o tempo que dispensou, e desculpe pelos ranços intelectuais.
[23:07:54] {Afrodite} Que nada! Foi uma experiência maravilhosa. Quando quiser é só me procurar, estarei sempre a disposição para falar sobre o que eu adoro...
[23:08:13] {NetCyborg} Em nome de todos os leitores do NoosferaDigital , muito obrigado. De coração.
[23:10:16] {Afrodite} Foi um prazer.
[23:10:30] {NetCyborg} Tchau, e até breve.
[23:10:40] {Afrodite} Tchau. Até a próxima.
[23:10:50] {NetCyborg} E que nossos caminhos se encontrem novamente na grande teia da vida.

25 setembro 2007

Vou escolher à Alegria

Vou fazer uma ode à Alegria. Alegria com letra maiúscula, igual ente sagrado que merece veneração. A ela, uma canção, um reconhecimento, uma homenagem. Não será exatamente uma composição poética de caráter lírico, composta de estrofes simétricas. Pois, a Alegria expande-se para fora dos versos. Seus braços e olhos vão além das estrofes em justa proporção. A Alegria é menina travessa, não obedece a colóquios regulares e teima em quebrar a harmonia resultante de certas combinações discursivas.

Vou deixar a porta aberta à Alegria. Ela é minha convidada. Se ela entrar não há espaço para a tristeza. Pois, a Alegria nunca vem só. Sempre traz alguns amigos inseparáveis: sorrisos, gargalhadas, bom-humor, boas-energias, otimismo, disposição, força-de-vontade, vitalidade, desejo-de-viver, esperança, longa-vida, amor, paixões, coragem, saúde, criatividade, doçura, felicidade, entusiasmo, abraços, bem-querer e sabedoria.

A Alegria é mágica. Quando chega tudo muda. Por onde passa deixa sua marca, seu encanto, sua lembrança. Seu jeito leve, descontraído e juvenil contagia, apaixona, gruda. Ninguém resiste à Alegria.

Basta chamar. A Alegria vem voando feito pipa encantada. Vem dançando no azul infinito, abraçando nuvens e grafitando o nome de quem chamou. Para a Alegria pousar, no entanto, é preciso querer. Um querer de verdade, do fundo do coração. Precisa ser um querer-atitude, uma opção de vida, uma escolha de corpo e de alma.

Quem faz a escolha pela Alegria fica com um “que” diferente. Todos sabem reconhecer: olhos brilhantes, bochechas rosadas e dentes sempre à mostra. Possuem mãos carinhosas, pés inquietos, idéias positivas, são corajosas, criativas, repletas de projetos, sonhos e transmitem boas energias.

Pessoas alegres sempre queremos por perto. Sem elas nossas festas não são festas, são simples encontros. Pessoas alegres são água para a garganta seca, luz para quem vive na escuridão e conforto para quem se amiúda diante do medo.

Vou escolher a Alegria! Que o medo vá embora e leve consigo o passado.

Celica Vebber

21 setembro 2007

Tradição é porteira aberta

Acabo de chegar em casa, venho lá do Acampamento Farroupilha, na Estância do Harmonia. O Parque Harmonia fica às margens do Rio Guaíba em Porto Alegre. É um Parque, mas em setembro vira uma Estância.

Para quem não é Gaúcho, ou nunca ouviu falar em Estância vou explicar. Estância para o Gaúcho é a Fazenda que o resto do país conhece. Gaúcho gosta de ser diferente!

Glênio Fagundez, apresentador do programa Galpão Nativo da TVE constantemente declara: “Se o Campo não anda bem a cidade vai mal.” Na base deste espírito o nativismo se fez ao longo dos anos. Alicerçado e constantemente alimentado pelos Centros de Tradições Gaúchas ganhou status de cultura as lidas do campo. Tornou-se religioso – ouvi falarem em Templo quando se referiram ao CTG. Não poderia surgir outro sentimento de um movimento que surge na tentativa de unificar a cultura.

O fato é que nem todo Gaúcho tem contato com o campo, com a terra, com as lidas campeiras. Dias atrás falando com um amigo meu que nasceu e se criou na Capital, afirmou “nunca tive contato com o campo, não me identifico com ele e não sinto saudade de lá, mas sou Gaúcho mesmo assim”. Concordei com ele!

Gaúchos caricatos é engraçado. Vemos por todo a lado desfilarem bombachas, vestidos de prenda, malas de garupa, arreios e cavalos na semana farroupilha. Avios que ficaram guardados o ano inteiro! A isso chamam autêntico? Eu chamo de representação o desfile de ícones. Uma cultura autenticamente feita de ícones.

Se isso não bastasse o Gaúcho foi um descalço, seu bolso não poderia bancar pilchas destas ai. A menos que fossem patrões. Só me leva crer que a vertente mais forte deste movimente é uma cultura autenticamente icônica de patrões.

Além da matriz cultural do Rio Grande ser descalça, é tão diversificada que a tentativa de unificar todas estas vertentes e colocá-las de baixo de um Galpão de Estância Estilizado se torna ridícula. Meu amigo citadino tem razão.

Não tiro o mérito. Ao longo do tempo a identidade se forjou nesta vertente. O reconhecimento de ser Gaúcho do Gaúcho fez o próprio Gaúcho, e isso é cultura. Isso é cultivar. Isso é manter a tradição, e o movimento fez isso muito bem. Mas não pode parar por ai.

Todo Gaúcho peleador sabe que as fronteiras sempre se moveram conforme as peleias dos tempos. No movimento tradicionalista também ocorre isso, as fronteiras devem mover-se para a batalha ser justa e se torna legítimo. Deve excluir, incluir e adaptar-se, do contrário se perde e definhar.

Na Estância do Harmonia, Gaúchos de todas as querências, dos quatro cantos do Rio Grande, de diversos Estados, de muitos sotaques brincam de ser Gaúchos e reafirmam o compromisso com a tradição. Numa Estância Imaginária reforçam os valores que nos identifica, que nos hermana. Lá nos piquetes, lugar que representa o campo ergue-se uma cidade. Temporária, mas ainda uma cidade.

Fala-se mais grosso lá, come-se churrasco lá, bebe-se cachaça lá, usa-se a faca atravessada na cintura. Veste-se de Rio Grande enquanto cavalos desfilam pelo Coração da Capital, marchando por ruas asfaltadas e disputando lugar com os automóveis.

Em setembro a cultura gaúcha está em festa de mãos dadas, em setembro é quando a cidade se faz campo, e o campo vira cidade no Rio Grande do Sul. Uma comunhão que não dá pra negar.

“Só não dá pra se emborracha de xenofobia a ponto de perde o cavalo”.

Liandro J. Bulegon

20 setembro 2007

De salto alto lá vou eu...

De salto alto lá vou eu... Todos os dias em que desejo brincar de Cinderela...
Será uma magia?
Será sensação de poder?
Será pura sensualidade?
Será mesmo desejo de brincar de Cinderela?
Ou será que o salto alto revela o estado em que nos encontramos com nossas emoções?
No primeiro momento, ao pensar em colocá-lo, ele reflete meu estado de espírito...
De salto alto lá vou eu... cedinho.....todos os dias ou pelo menos boa parte deles...desço as escadas devagarzinho....com delicadeza para não acordar os vizinhos... E lá vou eu... Passo a passo... Sei que tudo pode acontecer... Que terei pedras a encarar... buracos onde posso tropeçar....mas também fantasias onde ele pode me levar...e lá vou eu sentindo meu corpo em um movimento extraordinário de elegância ...Movimento este, que faz do sentir algo mais.... Difícil descrever essa tal excitação...
Tal como uma elevação simbólica... onde é necessário equilíbrio....postura imponente... É como se pudesse estar no topo do mundo... ao alcance de tudo...é um verdadeiro despertar de olhares....
E lá vou eu de salto alto, independente de onde ele desejar me levar, o deixarei ir junto comigo, nos meus sonhos, nas minhas escadas, nos meus tropeços, nas minhas fantasias e para onde mais ele quiser me levar... pois, em cima dele vou ganhando a minha vida sem padecer no final do dia.

Julia Lumens

10 setembro 2007

Um NetCyborg na Biologia

Esta é a primeira entrevista da série “Um NetCyborg na....” , via bate-papo que será postada periodicamente.
Ulisses Ogilvy

[14:53:09] {NetCyborg} Cláudia está Conectado?
[14:53:13] {Cláudia} Sim.
[14:53:17] {NetCyborg} Tudo bem com você?
[14:53:31] {Cláudia} Tudo, e com você?
[14:53:36] {NetCyborg} Eu estou bem.
[14:53:47] {NetCyborg} E ai pertinho do poder então?
[14:54:11] {Cláudia} Do lado!
[14:54:15] {NetCyborg} Rsrsrsrsrsrs
[14:54:23] {Cláudia} Mas ele parece tão longe!
[14:54:35] {NetCyborg} Que nada, é só comprar umas malas maiores.
[14:55:35] {Cláudia} Não adianta, pois o dinheiro não fica aqui.
[14:55:40] {NetCyborg} Faz um tempão que não nos vemos. Deve haver mais de 12 anos.[14:56:00] {Cláudia} Faz mesmo! Acredito que faz uns 4 a 5 anos.
[14:56:13] {NetCyborg} Você está enganada, faz muito mais do que isso. A última vez que nos vimos eu nem era casado, e lá se vão 11 anos de casamento.
[14:56:33] {Cláudia} Sério?
[14:56:38] {NetCyborg} Estou te falando.
[14:57:03] {Cláudia} Caramba, como o tempo passa!
[14:57:19] {NetCyborg} É verdade.
[14:57:28] {NetCyborg} E você está casada, solteira, ou enrolada? Tem Filhos?
[14:58:03] {Cláudia} Estou Casada no Civil e não tenho filhos.
[14:58:34] {NetCyborg} Claro! Como uma Cientista poderia casar no Religioso?
[14:59:08] {Cláudia} Não foi nem questão de Ciência, mas falta de interesse.
[14:59:14] {NetCyborg} Fazem dois meses que me separei.
[14:59:32] {Cláudia} É que vocês casaram muito jovens
[14:59:38] {NetCyborg} Eu tinha 25 anos e ela 22.
[14:59:57] {Cláudia} É muito cedo. Eu resolvi casar a dois anos apenas.
[15:00:17] {NetCyborg} Eu também acho. Ou melhor, deveria ter pensado assim na época em que casei.
[15:00:35] {Cláudia} Você tem um filho?
[15:00:45] {NetCyborg} Tenho um menino de três anos. É uma figurinha ele. Chama-se Felipe.
[15:01:06] {Cláudia} Papai babão. Três anos é muito fofo.
[15:02:07] {NetCyborg} Cláudia! Não pensei que iria ser tão babão assim...
[15:02:33] {Cláudia} Normal, até hoje não conheço um que não seja.
[15:03:25] {Cláudia} Mas a separação é definitiva ou estão dando um tempo?
[15:03:57] {NetCyborg} Definitiva. Não tem mais volta.
[15:04:35] {NetCyborg} Ou melhor. Só se os dois voltarem a ficar burros novamente.
[15:04:35] {Cláudia} Triste, mas enfim, melhor bem separados do que péssimo juntos.
[15:04:42] {NetCyborg} É verdade
[15:05:08] {Cláudia} Burros ou inocentes
[15:05:22] {NetCyborg} Acredito que inocência e como virgindade. Uma vez perdida minha cara amiga....
[15:05:37] {NetCyborg} Agora burrice não, burrice volta, rsrsrsrsrs
[15:05:55] {Cláudia} Aí é que você se engana, existem cirurgias que resolvem tudo, meu bem!
[15:06:08] {NetCyborg} Eu sabia que você falaria isso.
[15:06:11] {Cláudia} Não é burrice, são ideais e sonhos que se distanciam.
[15:06:20] {NetCyborg} É vero....
[15:06:39] {Cláudia} Mas o casamento é morto pela convivência.
[15:06:44] {NetCyborg} Você tem razão novamente. Uma Bióloga sabe disso. População que se isolam acabam por definhar e morrer. Em partes um casamento faz isso com as pessoas.[15:07:42] {NetCyborg} Se não for alimentado constantemente acaba por mata com os sentimentos.
[15:07:43] {Cláudia} Está aí uma grande verdade.
[15:08:21] {NetCyborg} Você só pode sentir algo por uma única pessoa. Minha nossa isso é ultrajante. E o resto do Mundo onde fica?
[15:08:37] {Cláudia} Ciúmes ?
[15:08:40] {NetCyborg} É claro.
[15:08:45] {NetCyborg} Mas o que fazer.
[15:09:30] {Cláudia} Você nunca foi Santo!
[15:09:45] {NetCyborg} Vou te dizer que fui quase todo esse tempo.
[15:10:44] {Cláudia} Talvez não fosse o momento de ter casado!
[15:10:45] {NetCyborg} Pode ser que sim, vai saber !
[15:12:15] {Cláudia} Nem todo casamento precisa durar a vida inteira, passamos por diferentes momentos na vida e nem todas a pessoa que está ao nosso lado se encaixa nestes momentos.[15:12:37] {NetCyborg} Tai uma verdade. Biólogos sabem das coisas.Viu porque sou teu amigo. Você é uma pessoa inteligente.
[15:13:17] {Cláudia} Seria muito mais fácil se as pessoas se desapegassem.
[15:13:24] {NetCyborg} Rsrsrsrsrs. Utopias minha amiga, ha as utopias.
[15:13:37] {Cláudia} Mas é muito difícil. Não fomos educados para viver assim. Muito menos a Sociedade.
[15:13:44] {NetCyborg} Você está tocando no cerne da questão. Desapegar-se é a palavra.
[15:14:22] {Cláudia} Cuidado, ela pode ter um sentido ambíguo.
[15:14:39] {NetCyborg} Minha separação no fundo foi um pouco disso: DESAPEGAR-SE...
[15:15:57] {Cláudia} Quando uma relação acaba, não tem volta. O que pode retornar são as pessoas em corpo, mas diferentes em cabeça.
[15:15:57] {NetCyborg} E o que nasceu da espontaneidade uma vez quebrado jamais poderá ser juntado os cacos...
[15:16:36] {NetCyborg} Olha só vamos mudar o rumo dessa prosa. Fala-me um pouco de você, faz tanto tempo que não nos falamos...
[15:18:38] {Cláudia} Difícil !
[15:18:44] {NetCyborg} Está fazendo Doutorado é?
[15:19:05] {Cláudia} Estou, mas confesso que não muito empolgada quanto estava no início.
[15:19:14] {NetCyborg} Normal.
[15:19:23] {NetCyborg} O que você anda estudando? Que assunto?
[15:19:54] {Cláudia} Trabalhei muito tempo e muito intensamente, sem tempo para outras coisas, quando morava em Belo Horizonte. Agora estou me perdendo por excesso de tempo, se é que me entende!!!
[15:20:46] {NetCyborg} Olha só. Tira isso da cabeça, ou melhor, arranca essa idéia da cabeça. Nunca perdemos tempo.
[15:21:08] {Cláudia} Minha tese é sobre a daptação de Plantas originárias de locais secos quando encontradas em locais alagados.
[15:21:34] {NetCyborg} Nossa! Você está querendo tirar as coitadinhas de um lugar e plantar em outro. E se não bastasse, fica se deliciando ao observar quanto elas sofrem. Rsrsrs
[15:22:52] {Cláudia} Não! Quero saber o que elas fizeram estruturalmente para se adaptar ao Ambiente. Porque muitas delas são de Ambiente mais seco e estão lá como? Esta é a minha pergunta.
[15:23:22] {NetCyborg} Então. Você acha que na adaptação houve sofrimento?
[15:23:35] {Cláudia} Nem sempre mudança é sofrimento.
[15:23:40] {NetCyborg} Rsrsrsrsrs
[15:23:47] {Cláudia} Ele é necessário quando você quer aumentar suas possibilidades.
[15:24:07] {NetCyborg} Quem a adaptação ou o sofrimento?
[15:24:24] {Cláudia} No caso das plantas que estudo, maior distribuição e possibilidade de mais descendentes.
[15:24:40] {Cláudia} Adaptação sem sofrimento!!!
[15:24:44] {NetCyborg} Hum.
[15:25:06] {NetCyborg} Já conseguiu identificar casos de adaptação sem sofrimento?
[15:25:17] {Cláudia} Já, o meu.
[15:25:23] {NetCyborg} Como assim?
[15:25:41] {Cláudia} Vivo me adaptando às condições que me são colocadas.
[15:25:48] {NetCyborg} E vai me dizer que não sofre?
[15:26:12] {Cláudia} Não sofro porque queria deste ou daquele jeito e não foi possível. Adapto-me.
[15:27:24] {Cláudia} Tento o que quero até as últimas possibilidades, mas se não estiver dando certo, eu mudo o rumo.
[15:27:39] {NetCyborg} Você conhece Humberto Maturana?
[15:27:58] {Cláudia} Não conheço, é Filósofo?
[15:28:06] {NetCyborg} Sim é um chileno. Antes de ser Filosofo é um Biólogo.
[15:28:13] {Cláudia} E ?
[15:28:55] {NetCyborg} É um cara que trabalha com a Visão Sistêmica e Processos....
[15:28:59] {Cláudia} Não lembro dele. Provavelmente porque é mais Filósofo do que Biólogo.
[15:29:08] {NetCyborg} Sim.
[15:29:17] {Cláudia} Ele escreveu algum Livro?
[15:29:26] {NetCyborg} Autopoiese.
[15:29:57] {NetCyborg} Segue a Tese do Termostato. Da Cibernética.
[15:30:06] {Cláudia} Como assim?
[15:30:08] {NetCyborg} Circuitos fechados. A idéia é mais ou menos assim: uma célula, quando ela é considerada viva? Ela é considerada viva quando suas trocas estão ocorrendo, tanto internamente, como com o meio que ela está inserida. E esse processo é repetível ao longo da sua existência.
[15:31:59] {NetCyborg} Se isso não ocorrer a célula não está viva.
[15:32:01] {Cláudia} Certamente. A vida mantém a vida!
[15:32:50] {NetCyborg} Se você tirar ela daquele meio inicial e coloca-la num outro meio as trocas externas vão ser diferentes. E essa diferença causa um ruído nas trocas internas da Célula.
[15:33:03] {Cláudia} Sim. Adaptação é o que pesquiso.
[15:33:21] {NetCyborg} Ai a célula vai "sofrer" pra regular seu estado interno.
[15:33:41] {Cláudia} É a quebra da inércia
[15:33:51] {NetCyborg} Esse sofrimento por sua vez afeta as trocas com o meio externo e assim por diante numa reciprocidade infinita até chegar no equilíbrio que se chama Homeostase. Sistemas procuram a Homeostase, ou seja, o equilíbrio
[15:34:16] {Cláudia} É mas, não esqueça que nesta dinâmica ela pode descobrir meios de sobrevida melhores que os anteriores.
[15:34:43] {NetCyborg} Exatamente!
[15:34:46] {Cláudia} "procura"?
[15:34:53] {NetCyborg} Sim. É a expansão da consciência deste ser...
[15:35:10] {Cláudia} Esta é a questão, não necessariamente ela existe quando tudo parece bem.
[15:35:14] {NetCyborg} Essa procura é o espaço vazio que ele deixou. Rsrsrsrsrsrs
[15:35:55] {NetCyborg} Mas você como uma Cética não vai acreditar que possa ser preenchido com uma força divina.
[15:36:43] {Cláudia} Bom, não sou Cética assim, mas acho que tudo tem um porquê, e se a mudança ocorreu é por que é necessária para o aprimoramento.
[15:36:55] {NetCyborg} Rsrsrsrsrsrs. Que aprimoramento?
[15:37:30] {Cláudia} E a procura nunca é espaço vazio, porque nesta busca nos deparamos com vários novos conceitos.
[15:37:31] {NetCyborg} Quem falou que precisa aprimorar? Um sistema hierárquico de poder?
[15:37:41] {Cláudia} Aprimoramento do ser (ou da célula)
[15:38:01] {Cláudia} Que sistema hierárquico de poder?
[15:38:12] {NetCyborg} Darwin!
[15:38:20] {Cláudia} Como assim?
[15:38:57] {NetCyborg} A idéia de aprimoramento é nossa questão agora. Quando olhamos para o aprimoramento sempre olhamos com julgamento de valor.
[15:39:04] {Cláudia} Você acha que as coisas são como são porque deveriam ser assim, ou porque pode ser resultado do acaso?
[15:39:14] {NetCyborg} Não. Acredito que deva existir um motor primordial.
[15:39:39] {Cláudia} Mas a questão é, que motor é esse?
[15:40:18] {NetCyborg} Sei lá me diz ai o que você descobriu em suas pesquisas. A Bióloga aqui é você e não eu. Rsrsrsrsrsrsrs
[15:40:29] {Cláudia} Você não respondeu minha pergunta!
[15:40:36] {NetCyborg} Qual delas?
[15:40:41] {Cláudia} A do acaso.
[15:40:56] {NetCyborg} Você acha que existe resposta para essa pergunta?
[15:41:28] {Cláudia} Claro que sim, tudo tem resposta, nem sempre é a mais correta ou adequada, mas têm. Com o tempo é possível verificar se era correta ou não.
[15:41:57] {NetCyborg} Tem duas vertentes. Uma diz que é obra do acaso, e outra diz que foi uma força extra vida que soprou o vento divino sobre a matéria.
[15:42:09] {Cláudia} E qual a sua resposta?
[15:42:19] {NetCyborg} Pode escolher entre as duas. Mas as duas têm um pouco de verdade. E é isso que encontrei no texto do Humberto Maturana.
[15:43:05] {NetCyborg} Descobri que tem espaço para o acaso e tem espaço para o divino também.
[15:43:25] {Cláudia} É, pode ser.
[15:43:47] {NetCyborg} E ai a Ciência e Religião fazem as pazes, depois de muitos Séculos. Rsrsrsrsrs
[15:44:23] {NetCyborg} Democrático ele “né”.
[15:44:29] {Cláudia} Mais ou menos, porque precisa de muita boa vontade de ambos os lados.
[15:44:44] {NetCyborg} Você é tinhosa.
[15:44:50] {Cláudia} Por quê? Olha que coisa de tinhoso tem a ver com o Demo!
[15:45:10] {NetCyborg} Rsrsrsrsrs
[15:45:20] {Cláudia} E ele não cabe nesta conversa.
[15:45:25] {NetCyborg} Não. Não cabe. Isso deixemos para os exorcistas.
[15:46:09] {Cláudia} Amigo, preciso estudar, ainda tenho que montar meu projeto. Bom conversar com você.
[15:46:23] {NetCyborg} Desculpa tomar seu tempo, e muito obrigado por compartilhar um pouquinho de sua experiência.
[15:46:29] {NetCyborg} Até breve.
[15:46:35] {NetCyborg} É saiba que este foi o primeiro de uma série de entrevistas que passarei a publicar no blog. Muito obrigado pela tua boa vontade...
[15:46:39] {Cláudia} Tchau! Adorei Falar com você.

09 setembro 2007

Relações Virtuais

Relação virtual, disposição alterada da consciência, será busca de fantasia? Alegria? Relaxamento? Ou passeio nas relações irreais?

Busca da independência com consciência nos pensamentos e nas ações, sem opressão.

Noite quente de inverno, vento norte batendo na janela, casa vazia e uma rede, que serve para conectar e desconectar, momentos em que pode se estar em contato, contatos estes muitas vezes cortados por escolha.

Aconteceu, diante de mim, vestido de legal, uma peste, implicitamente vestida para a conquista... No encontro de suas defesas.

Comunicação virtual... Será possível preservar o EU? Mostrando somente aquilo que se deseja mostrar?

Mas a sorte da noite ainda não estava decidida e a batalha apresentava igualdade de condições.

Naturalmente, uma pessoa envolvente e a outra envolvida, deu conotação aos devaneios.

Diante de muitas caídas de conexão, oscilaram entre o sonho e o pesadelo, sem saber quando um se transforma no outro.

Ambiente propício, alguém que faz o tempo para estar junto, ainda que não haja tempo.

Onde o não dito, pode ser dito... Abertura para as emoções, busca de convivência e amizade.

E muitas vezes esses encontros podem ser valentes, opulentos e íntimos onde fica difícil consentir contatos pessoais.

Muitas estradas são diferentes.

Até por que não podemos esquecer a possibilidade de que se pode apertar a tecla deletar e tudo se transforma em líquido.

Julia Lumens

04 setembro 2007

Um dia na Bienal

Dentre os últimos finais de semana este foi o mais produtivo. Na Sexta-Feira fui ao Centro Cultural do Movimento, o MEME. Lá aconteceu uma TAZ. Teve dança, música, performances, happening e Polar gelada.

A primeira quebra de paradigma foi a ausência de palcos, tudo aconteceu no mesmo nível dos espectadores. O espetáculo pode ser democrático sim!

A segunda foi o improviso e a descontração que fizeram parte de todo o evento, e por isso nos tornamos espectadores participantes. Cultura é feita assim coletivamente, cultura se constrói assim pedacinho a pedacinho, meme a meme. Cultura só obedece ao campo de força criado pelos participantes. Cultura é feita assim, e o Laco (Paulo Guimarães) foi o mestre de Cerimônias daquela noite.

No Sábado, embebido de bom gosto da noite anterior fui à Bienal. Confesso! Fiquei irritado. O que me consola é que acredito na arte cumprindo esta função também. A de irritar. Indiferente é que não podemos ficar!

Uma Bienal que procura a terceira margem se afogou no meio do rio. O único bote salva-vidas foi o Teatro do Chat, mas até este a técnica deixou na mão. Quando o visitei não estavam conseguindo conexão com a rede.

No mais do trajeto não vi nada que tencionasse a linguagem e o espaço. Como tencionar o espaço com Vídeos? Só encontrei vídeos, Chapados em paredes e nada mais ousado. A terceira margem não apareceu por lá. Poderiam projetar um vídeo em suas costas se ela aparecer.

Por falar em ousadia, em uma das instalações daquelas tantas iguais que estavam por lá havia uma sala escura com um projetor faiscando coisas que se pregavam na parede lisa, vi uma mãe com duas crianças se divertindo e brincando de fazer sombras. Eles estavam felizes, e eu me divertia vendo algo de humanamente interessante na Bienal. Fora do script, mas estava acontecendo algo humano lá.

Elas exploravam o espaço e brincavam com os feixes de luz que saia da geringonça. Sim elas faziam arte, até serem interrompidas por um dos tantos Segurança que na justa posição de cumprir seu dever as avisou, assim vocês atrapalham os eruditos espectadores. Quase chorei. Quem atrapalhou o espetáculo foi o Segurança. Que fazer! Que fazer! Que fazer!

Na noite anterior o Laco fez isso intencionalmente. Entre feixes de luz ele dançou uma coreografia, assim, com sombras na parede, como aquela mãe e seus filhos dançaram, sem saber que dançavam. No MEME eles sabem que dançam, e não existem Seguranças Guardiões da Ordem para atrapalhar.

Burocratas da Cultura, por favor, parem com isso que estão fazendo, vocês não conseguirão matar a veia engajada da arte! Explorem a técnica, explorem o vídeo, explorem o espaço, explorem a linguagem, mas não esqueçam que arte é feita com o povo, inclusive para aquele Segurança.

E é ai que vocês se atocham. Porque vão fazer Samba e sai Samba ruim.

Liandro J. Bulegon.