05 setembro 2008

Um instante apenas

Uma faca com a marca em cruz. O fio amolado que corta a carne e sangra o animal. A besta em vontade que no pranto se fez homem. E que em degolas destruiu castelos.

Um castelo que desmorona em escombros de reinados pueris. Para reis que se assenhoram dos pertences e zombam. Zombam da tua bondade. Zombam da tua vontade. Zombam da liberdade. E zomba em tuas entranhas.

Acoita tuas vagas cintilantes que escorrem em densos canais. Que deságuam em rios revoltos, em mares bravios. Tuas entranhas banhadas com o novo te entregam gosto do prazer.

Convida-me para o deleite de um bravio instante de suplicio. Um suplício que a vontade de liberdade transformou em prazer. Do sorriso largo do convite em malicia. Do deleite enquanto domina, controla, conduz, satisfaz o mais íngreme dos desejos. O mais terreno dos humores. O mais bravio do instinto.O mais decadente dos desejos.

Entrego-te o troféu, corôo-te em rosa vermelhas em roupas brancas, em pés descalços, em cetro de poder a dançar por entre teus dedos. Enquanto mostra-me os lábios úmidos!

Liandro J. Bulegon