21 junho 2009

Sensações de inverno


Tem coisas que só acontecem no inverno. Uma lareira, só pode ser uma lareira no inverno, no resto do ano fica ali, no canto, apagada.
Sentar em frente a uma lareira acesa nos remete direto ao principio da humanidade, mexe com os instintos mais primitivos. O fogo, enigmático, performático, dançando sobre os gravetos, liga algum botão escondido lá no fundo da nossa mente animal; ao olhar as labaredas e ouvir a lenha estalando, chegamos na porta do paraíso.
Em tempos de frio, entrar no paraíso é forrar o estômago. Já reparou como em temperaturas baixas o cardápio muda? Massas, sopas, carnes, comidas calóricas nos trazem o conforto para a alma. Ninguém consegue pensar em problemas quando está aquecido e com o estômago cheio. Abriram-se as portas do paraíso.

Outra delícia do inverno é o recolhimento. Se no verão, somos expansivos, no inverno, somos introspectivos. Compartilhar o momento de recolhimento é dividir intimidade.

Na minha casa chegaram amigos, cozinhei enquanto o frio lambia a vidraça. Rimos em cumplicidade, como a zombar dele. Bebemos a harmônia de aproveitar o instante. Forramos o estômago como se nada existisse la fora.
Calor, comida e amigos! Erguemos taças, estamos no paraíso. E o frio que fique lá fora, lambendo a vidraça.
Liandro J. Bulegon