09 agosto 2007

Que o Ocidente me espere

Fui conhecer a noite de Porto Alegre no início da década de 90, ali por meados do ano de 1991, quando o Caco e o Leandro vieram morar perto do Palácio Piratini, na Duque. A Duque de Caxias foi meu ponto de referência por muito tempo na Capital.

Lembro da primeira vez que cheguei aqui. - Um telefonema para o Leandro, encontrei-o na antiga loja de Aviamentos ali na Av. Julio de Castilhos. - É bem fácil chegar até onde estou, sai da Rodoviária e passa pelo Túnel chegará na Av. Julio de Castilhos, a Loja é no número tal. Eu fico te esperando!

Claro que os guris mais conhecedores de Porto Alegre me levaram para conhecer o Brique da Redenção, tomamos uns mates no Gasômetro vendo o Por do Sol na beira do Guaíba. Apaixonei-me pela cidade!

No mesmo final de semana fomos ouvir Rock ali no Scaler, atrás do Luar e Luar. O negócio era um cubículo, um balcão e mais nada. Naquela época não havia o Parquinho, ainda era um campo de futebol onde a galera mandava ver no som, a partir das 17:00 nas tardes de Domingo, num palco improvisado ao ar livre.

Depois que descobri o caminho das pedras as visitas a Capital ficaram freqüentes. Para a Oswaldo Aranha nos dirigíamos constantemente. Bar do João, Bar da Lola o próprio Luar. Pai recomendando que filhinha não aparecesse por lá.

Nossa! Era muito bom tudo aquilo. Eu me sentia cosmopolita! Quanta gente diferente. As calçadas lotadas, ruas entupidas de carros, cheiro de fumaça, cerveja gelada e as estrelas por telhado. Um guri do interior solto no mundo.

E assim fui acompanhando meio de perto meio a distância a vida noturna da Oswaldo Aranha. Toda vez que podia dar uma escapadinha de Santa Maria e vir a Capital eu dava um pulo lá.

Na época ainda notávamos alguns resquícios dos Hippies por ali. Depois vieram os Darks e por fim os Punks. Promoveram aquele quebra-quebra. Foi assim que a vida noturna da Oswaldo acabou. O quebra-quebra Punk não foi a causa, foi a conseqüência. Era inevitável.

Todas as vezes que fui para Oswaldo nunca consegui entrar no Ocidente. Isso ficou como um compromisso adiado por muito tempo. Sorte que o Bar resistiu até ontem.

A vida dá suas voltas, e depois de 15 anos, novamente solteiro e morando na Cidade Baixa, você tem duvida de que eu iria até o Ocidente? Foi numa Balonê. Festa dos anos 80. Não poderia ter oportunidade melhor.

Fui a pé numa noite fria de agosto. Atravessei a Perimetral, entrei na Sarmento Leite. Passei pela frente do prédio de Engenharia da Ufrgs e cheguei na Oswaldo. A noite estava fria, eu gosto de noites assim. Gosto de caminhar em noite fria!

Senti um pouco de nostalgia enquanto caminhava pela calçada da Oswaldo. Estava deserta. Num sábado a noite estava deserta! Naqueles tempos as 23:30 estaria pegando fogo. Senti uma pontinha de tristeza!

Tudo bem vai em frente pensei, a final o Ocidente esta lá te esperando por 15 anos. Não dá pra perder a oportunidade. Fiquei hora e pico na fila, na esquina da Oswaldo com a João Teles. Sozinho numa noite fria.

A musica transformou essa esquina, algo como uma Ipiranga e a Avenida São João dos Paulistas. Um grupo de meninas de lá, bravas com o Caetano, também estavam na fila. Negaram a deselegância discreta daquelas meninas. Não dei importância.

Entrei, me diverti. Ouvi musica antiga, mulheres lindíssimas, cerveja gela. Aquele atrolho Zé. E eu feliz!

-Um Brinde. De volta para noite e com os pés no Ocidente!

Liandro J. Bulegon.