23 julho 2007

Apolinésia Encantada

Apolinésia. Meus pés já estiveram lá. É um lugar diferente e encantador. Lugar encantado a gente olha com os olhos do coração e não consegue explicar com palavras. Só com sorrisos. Lugares encantados escondem segredos, meninos que fazem poemas sem títulos e Lagoas Proibidas.

Não se apaixonar por alguém da Apolinésia é Lagoa Proibida. Proibido é algo roubado: rouba-se o direito de experimentar. No caso da Lagoa, rouba-se o direito de se banhar, de conhece a profundidade, a temperatura e a docilidade da água. No caso da paixão, rouba-se a possibilidade de perder-se. Sim, pois a paixão é uma lagoa que adentramos só para nos perder.
Todas as pessoas que se perdem, voltam mais interessantes e encantadas. Encanto mágico e contagioso. O toque, a pele, a saliva e o olhar são correntes transmissoras. É bem verdade que só é possível transmitir quem carrega uma história, um sonho e muita ousadia.
História, sonho, coragem – próprio de quem se aventura na Lagoa. Próprio de quem se apaixona, de quem não tem medo do proibido.
Tenho um amigo na Apolinésia. Mas, não gostei do que ele me disse: “aqui não poderá te apaixonar!” Ninguém, antes, havia me falado algo semelhante. Entendi que amigo é alguém que diz coisas que não gostamos e, mesmo assim, cultivamos o bem-querer.
Contrariada, pensei em ir embora. Já era tarde, no entanto. E à noite todo caminho se transforma. Parece empurrar o caminhante a tal Lagoa Proibida. Assim, fiquei mais um pouco, e o medo pulou dentro da minha alma.
- E se eu me perder? Eu te ajudo a não apaixonar, falou Andro.
Andro parece nome do bruxo, por isso não acreditei. Não se deve acreditar em bruxos porque eles enfeitiçam, principalmente quando alguém quer apaixonar. Então fechei meus olhos para ver alguma luz. Há momentos que a melhor maneira de ver é fechando os olhos.
Aos poucos o medo foi se definhando. Medo é esse Ente que chega de mansinho. Vai ficando, ficando só para se engraçar da nossa testa franzida. O medo mora na Lagoa Proibida.
O bruxo, de quem eu já desconfiava, também tem uma casa lá por perto. Ele, igual ao medo, pegou na minha mão. Eu deixei. Lembrei de um truque para não apaixonar. Mas, truques não se contam, nem se ensinam. Guardam-se como os segredos da Apolinésia.
Celica Vebber.